O meu primeiro contrato de trabalho, foi como professora-leiga, em março de 1989 quando conclui o ensino fundamental e dei inicio ao curso de magistério. Considerada pela minha avó-mãe (mulher sábia, de lições inesquecíveis), que me criou já que fiquei órfã com apenas quatro dias de vida, como dotada do “dom” de ser professora: quando aprendi as primeiras letras, através do grande esforço que ela fazia barganhando galinhas em troca das lições que a vizinha, D.Dina (que só sabia ler e nada escrevia) lia para que eu pudesse repetir, a minha brincadeira favorita era brincar de ser professora. Piaget (1978) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável a prática educativa (apud AGUIAR, 1977 p, 58).
Já que, cresci ouvindo a minha avó dizer que eu precisava “estudar para ser gente” enquanto estudava despertava cada vez mais o desejo de ser professora. E esse desejo foi aumentando enquanto cursava as séries iniciais do ensino fundamental I. Lembro-me bem da professora Valdelita que mim acompanhou durante os meus primeiros anos escolares e deixou grandes marcas; gostava de ir para a escola ( e olha que ainda existia a reguada para quem não acertasse a tabuada) e tinha também lições decoradas, todas ensinadas por D.Dina. Este ensino era mecânico, repetitivo, através do condicionamento, do estímulo e da recompensa como descreve Skinner; eu tinha muita facilidade em decorar, e era o que a pró Valdelita sabia fazer: ensinar através do ato de decorar, copiar e repetir para aprender; e fazia com tanta dedicação e seriedade que dava bons resultados. As vezes questiono é como em meio a tanto avanço educacional e tecnológico uma criança dita “normal” pode estudar três, quatro anos, as vezes mais, e não consegue codificar as palavras.
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